Por:Fabio Barbieri
Mestre e Doutor pela Universidade de São Paulo, Professor da USP na FEA de Ribeirão Preto.
Fonte/Publicado no www.ordemLivre.org.
ESPANTALHOS ECONÓMICOS
Os detractores da Economia a apelidaram de “ciêncialúgubre”, sem imaginar que tal alcunha seria aceita pelos economistas. Afinal, ela funciona de fato como um estragaprazeres: o seu estudo permite desmascarar as falhas contidas nas promessas demagógicas dos políticos de criar riqueza a partir do nada. Uma das melhores definições da Economia a vê como a ciência que estuda as consequências não intencionais da acção humana. Em particular, mostra como um conjunto de políticas bem-intencionadas (populares em todos os tempos e lugares) gera resultados opostos do almejado, em geral por desconsiderar o fenómeno da escassez (ignorando os custos de oportunidade das acções propostas), ou ainda por não levar em conta como os agentes reagem a incentivos.
A aplicação da teoria económica à história de fato revela incontáveis vezes como certos grupos (como os pobres, os trabalhadores, os consumidores ou ainda os empreendedores) foram prejudicados por medidas tomadas em seu nome, resultando em ganhos para grandes firmas estabelecidas e grupos de interesse organizados, que enriqueceram à custa da maioria dos pobres, trabalhadores, consumidores e firmas.
Se políticas bem-intencionadas podem dar errado, a visão de mundo simplista e intolerante que divide as posições políticas entre “contra” ou “a favor” dos interesses dos trabalhadores (ou de qualquer outra causa) não se sustenta, dando lugar a uma visão mais complexa e liberal que vê as diferentes opiniões como crenças sinceras, porém distintas, a respeito de qual seria o meio mais adequado para melhorar o bem-estar de todos. O reconhecimento disso, contudo, frustra as certezas que alimentam a paixão ideológica. Essa é a explicação básica da antipatia que a Economia desperta entre os intelectuais em geral.
Boa parte desses intelectuais, em vez de se dedicar à árdua tarefa de se inteirar dos debates, preferem em vez disso uma saída mais fácil, acreditando na irrelevância das teorias económicas A forma mais eficaz para se chegar a essa conclusão tem sido o apelo à figura do Homo económicos. O argumento em geral assume a seguinte forma: Premissa 1: a teoria económica supõe que a humanidade seja composta por indivíduos egoístas, pautados apenas pela busca de prazeres mundanos e acúmulo de riqueza material; Premissa 2: a Premissa 1 só seria válida no “capitalismo”; Conclusão: os resultados da teoria não se aplicam a outras épocas ou formas de organização social.
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