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... senti a necessidade de me juntar a outro grupo, procurei, encontrei muitos, mas não gostei, “nesse mundo de hip hop” encontrei grupos com alguns hábitos, que não iam de acordo com a minha maneira de ser e de estar, ou com a educação que os meus Pais me deram “o consumo de estupefacientes, e alguns outros comportamentos”, e eu não queria estar com estas pessoas, apesar de que eram bons rappers...

De seu nome completo Ivete Marlene Rosália Mafundza, a nossa figura reverente da presente edição nasceu em Maputo, aos 13 de Fevereiro de 1985... hehehe, no hospital josé Macamo! Descubra mais detalhes!

A infância?
Ivete: A minha infância foi no bairro do museu, na av. Patrice Lumumba, recordo-me que levava porrada todos os dias, porque sempre perdia chinelos nas barreiras, brinquei muito naquelas barreiras, e raspei-me muito nas costas e pernas... Perdia sempre na luta entre amigos, e a mesma coisa acontecia nos jogos, eu era sempre o elo mais fraco... Enfim, passei a minha infância ao lado dos meus Pais, e entre os meus seis irmãos, 3 rapazes e 3 meninas.
Marcos da infância?
Ivete: ...quando tinha 7 anos ou mais, o meu professor sempre falava que nós devíamos ler jornal, foi então que um dia peguei no jornal para ler, e vi qualquer coisa não muito boa, e eu disse eu quero ser advogada! Isso não vai acontecer quando eu for advogada! E fiquei com isso na cabeça até hoje, fiz direito com intuito de ser advogada, e estou na profissão.

A escola?
Ivete: Em 1990 ingressei na escola primária, reprovei na 8 classe, e em 2001 fiz a 10 Classe. Admiti para o ensino superior no ano 2003 e em 2007 fiz a minha licenciatura em direito pela Universidade Eduardo Mondlane. Fui presidente do Núcleo dos Estudantes da universidade. Em 2005 perdi meu Pai, e foi muito difícil continuar, eu tinha no meu Pai, um elemento galvanizador da minha progressão académica.
Sou docente universitária, nas cadeiras de filosofia de direito, sociologia jurídica e direito do ambiente, porque era meu sonho. Grande parte de estudantes que está numa universidade, que se esforça e que vê a sabedoria de um docente, gostaria de estar naquela posição... Comecei a dar aulas em 2008, e quando era Presidente do núcleo dos estudantes reclamava muito dos docentes, e tento não cometer alguns erros, como não demorar com os testes, tratar as pessoas com urbanidade.
Os primeiros sinais da veia artística?
Ivete: Meu Pai era mineiro na África do Sul, e trazia muito CDS, e a gente ficava a ouvir aquilo. Era muita novidade!!! ouvíamos e eu dançava muito xitchuketa, mas dançava que partia que era uma coisa (hahahaaha, essa é boa!), até quando minha família viesse visitar-nos punham-me a dançar até davam-me dinheiro... mas enquanto criança eu queria muito ir a uma escola de música, e a minha mãe dizia que não havia muitas condições, então não havia como...
...quis participar do festival de música da criança também não consegui, então fiquei e cantava na casa de banho, os meus pais nunca entenderam, mas nunca desprezaram. Só mais tarde é que eles notaram que era uma coisa mais forte e séria! Não deixaram de me dar apoio e o que fazia com que isso acontecesse é que eu era comportada, eles não viam aquilo como algo que fosse me desviar, então o pacto foi “dá-nos notas boas (ya escola mesmo!) e faça o que tu queres”.

Xiiii, não Imaginam as primeiras preferências musicais dela?
Ivete: Eu gostava de Cantar músicas da Brenda Fassie (vuli dlhela???), Madonna (hehe... “lucky star”???), Michael Jackson (já imaginam), Stewart (julietaaa ou sumanga???), Mingas(xikongolotana, hiii ka mamane???), mas só mais tarde na juventude eu me identifiquei com a Lauren Hill e descobrí que é aquele estilo que eu quero.
Integração na música?
Ivete: Entre 96 e 97, senti que a melhor maneira de sobressair era envolvendo num grupo e procurei isso sempre, fiz parte de “Sweet girls”, éramos cinco, eu era a mais nova, por algum motivo uma foi estudar fora do País, e não me recordo o que aconteceu com a outra, mas acontece que decidamos e conseguimos um amigo, "Gimo" (ya Gimo!!!). Ele estava disposto a ajudar-nos e apresentou-nos a um outro amigo que tinha um estúdio "Skin papes" ( ya, os nomes nem??? Aguenta aí), e esse estúdio era em Xipamanine. Nós íamos para lá, com letras já feitas e nessa altura, gravamos três músicas que nunca saíram, as coisas não correram bem, também não estávamos muito maduras, as vozes não estavam muito maduras, a gente não conhecia ainda o cenário musical, o grupo dura até hoje, mas sem nenhuma efectividade...
... Senti a necessidade de me juntar a outro grupo, procurei, encontrei muitos, mas não gostei, “nesse mundo de hip hop” encontrei grupos com alguns hábitos, que não iam de acordo com a minha maneira de ser e de estar, ou com a educação que os meus Pais me deram “o consumo de estupefacientes, e alguns outros comportamentos”, e eu não queria estar com estas pessoas, apesar de que eram bons rappers...
...até que encontrei os “Bit Crew”. Eles é que me procuraram, e eu já estava cheia de grupos de hip hop, mas prontos, aceitei a proposta deles de fazer a “crianças de rua”, foi a minha primeira música com eles. Depois disso foram vendo as minhas letras, gostaram e notei também que eram pessoas extremamente abertas, estavam dispostas a ensinar-me, foram a minha escola do hip hop, e a ter a tal intervenção social, e fiquei por lá, até hoje faço parte da “bit crew” apesar do nosso grupo não estar muito activo.
Em 2007 venci o maior concurso de direitos humanos em Senegal, o prémio de melhor rapper feminino do hip hop time. Sou praticante da fé, foi muito importante porque acho que foi isso que me construiu como pessoa, como mulher, como Jovem.
Namoladooooo?
Ivete: Normalmente não respondo a estas questões, mas meu coração bate forte... (desculpa, não percebi!!!)
Os favoritos da Ivete!
Prato: ...gosto mais da feijoada da minha mãe!
TVs: gosto de telejornal da TVM, TIM e RTP... Não gosto de novelas, porque sou muito sensível (ah, ish!). Assisto mais filmes...
Lugares: gostaria de conhecer Pemba e suas grandes Ilhas. Quero também conhecer toda África..
Dica para malta jovem!
Ivete: Temos que nos abrir ao progresso, e o progresso consegue-se com muito esforço e trabalho incessante. Está na hora de dizer chega ao pouco, nós podemos ter muito, nós podemos ter mais e isso faz-se com muito trabalho, e o jovem pode conseguir basta crer e nada mais... Porque nós somos muito capazes...temos que ter uma ambição construtiva e não destrutiva, vamos trabalhar, vamos inventar, vamos fazer, e conseguiremos.