A aprovação oficial do Novo Plano de Crescimento (NPC) pelo African National Congress foi anunciada pelo presidente da África do Sul, Jacob Zuma em 8 de janeiro. O eminente economista ganhador do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, foi essencial na elaboração do plano através de sua posição no quadro de conselheiros ministeriais.
O prof. Stiglitz indicou ser a favor do NPC (é claro), mas os seus recentes comentários a respeito de certos assuntos deveriam nos causar alguma preocupação. O prof. Stiglitz diz haver duas políticas que podem fazer uma grande diferença em termos de promover crescimento e emprego na África do Sul.
A sua primeira sugestão é “uma taxa de câmbio apropriada [porque]... taxas de câmbio altas tornam difícil para os países exportar ou competir com importações baratas”. Como qualquer pessoa, ou qualquer servidor do governo pode obter informação suficiente para determinar o que deve ser uma “taxa de câmbio apropriada”? Reduzindo deliberadamente o valor do rand, a África do Sul estará subsidiando os consumidores dos nossos parceiros de comércio estrangeiros e aumentando os custos das companhias locais que dependem das importações de insumos para o processo industrial.
Importações baratas permitem que as pessoas adquiram maior valor por um preço menor. Dessa maneira, elas têm mais dinheiro sobrando para poupar ou investir em áreas produtivas da sociedade. O investimento torna possível que os níveis de produtividade sejam mais altos, o que por sua vez permite que os salários reais aumentem e os preços das commodities diminuam, tornando-as mais atraentes para os estrangeiros. Simplificando, se desvalorizarmos artificialmente a nossa moeda, nós efetivamente subsidiaremos as compras dos estrangeiros que consomem nossos bens e penalizaremos os sul-africanos comuns fazendo com que paguem preços mais altos pelos bens produzidos no exterior. A intervenção na taxa de câmbio também cria uma percepção negativa da economia e indica que o governo está disposto a ceder a certos interesses à custa do cidadão comum sul-africano.
O prof. Stiglitz, em segundo lugar, sugeriu que a política de intervenção serve para diminuir as taxas de juros. “Altas taxas de juros”, ele disse, ”podem reprimir o crescimento de duas maneiras: tornando o crédito mais caro, consequentemente sufocando o investimento, e aumentando a taxa de câmbio”. Mas pode, necessariamente, a política monetária que deliberadamente se destina a reduzir as taxas de juros impulsionar o crescimento econômico? Elas não criará simplesmente desequilíbrios que prejudicarão a economia?
Ao redor do mundo, bancos centrais têm diminuído suas taxas de juros na esperança de estimularem o crescimento, mas não obtiveram sucesso. A alocação do capital tem sido desigual porque o capital obtido a um preço mais barato tem sido alocado em atividades marginais. Como as taxas de juros não podem ser determinadas pela oferta e pela demanda de crédito, as pessoas estão desesperadamente buscando lugares para investirem nos quais haja algum retorno. Em muitos casos, essas oportunidades são encontradas em atividades marginais que normalmente não atrairiam investimento. Assim que as taxas de juros aumentarem, por exemplo, como acontecerá oportunamente nos Estados Unidos quando o Federal Reserve parar de imprimir dinheiro, os investimentos marginais serão expostos, o valor dos investimentos cairão e os investidores perderão, como descobriram os compradores de casas americanos quando a expansão de propriedades residenciais se retraiu.
Quanto à inflação, o prof. Stiglitz admite que “as autoridades monetárias não podem, é claro, ignorar a inflação”, mas depois declara que “focar-se na inflação, sem a sensibilidade quanto a sua fonte, não produzirá crescimento nem estabilidade”.
Mas a fonte exclusiva da inflação (o aumento generalizado de preços) é a impressão de quantidade excessiva de dinheiro pela qual os governos e seus bancos centrais são inteiramente responsáveis. A inflação enfraquece o crescimento e cria instabilidade. Na sua essência, a inflação é o resultado do enfraquecimento do poder de compra interno de uma moeda, o que inevitavelmente leva ao enfraquecimento do seu poder de compra externo. Sob condições inflacionárias, é impossível planejar ou tomar qualquer decisão econômica racional, pois as pessoas estão mais preocupadas em antecipar a inflação do que em procurar novas oportunidades lucrativas de produção. Quando a inflação força os preços a aumentarem rapidamente, as pessoas gastam mais da sua renda consumindo e praticamente dinheiro nenhum é poupado.
A inflação tem implicações negativas para o comércio porque ela afeta adversamente a competitividade da indústria de exportação e as indústrias que competem com as importações. As consequências negativas para as indústrias podem ser parcialmente compensadas por uma desvalorização da moeda através da manipulação da taxa de câmbio, mas isso é uma solução apenas temporária que aumenta o custo das importações e o preço dos bens importados para o cidadão comum. A inflação beneficia os tomadores de empréstimos à custa dos credores porque ela corrói o valor real do dinheiro. Dado que o governo é geralmente o maior tomador de empréstimos, a inflação, portanto, invariavelmente redistribui riqueza do setor privado para o governo. Dinheiro com poder de compra relativamente estável é indispensável para o funcionamento adequado de uma economia. Enfraquecer deliberadamente o poder de compra interno e externo de uma moeda para promover as exportações é uma maneira extremamente cara de se beneficiar os exportadores e só é possível à custa de toda a população.
A verdade é que não existe nada novo a respeito do Novo Plano de Crescimento. Muitos outros países tentaram aumentar o papel do estado nas suas economias, mas a história demonstra que o Estado simplesmente não pode reunir e computar informação suficiente para compreender a complexidade do mercado. Na verdade, o que as evidências revelam é que economias mais livres, nas quais o governo se envolve menos, crescem mais rápido e são economicamente mais prósperas. Em países economicamente mais livres, onde as pessoas são responsáveis por suas próprias vidas, há níveis mais baixos de pobreza e desemprego, níveis mais altos de renda per capita e expectativa de vida maior. O governo da África do Sul precisa adotar políticas que promovam o crescimento econômico. Ele precisa sair do caminho para que os sul-africanos sejam livres para escolherem por si próprios como conduzir suas vidas e como gerir suas empresas.
Por: Jasson Urbach
Artigo originalmente publicado no site de The Free Market Foundation
Fonte: ordemlivre.org
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