| 0 comments ]

ENQUANTO o mundo inteiro se desdobra na procura de mecanismos para reduzir as taxas de novas infecções e reinfecções do Virus de Imunodeficiência Humana (HIV) há ainda quem defenda a manutenção de alguns rituais que a avaliar pela prática propiciam não só a contaminação como também a propagação desta doença. Um destes cerimoniais seguidos com religiosidade na região norte da província de Sofala e outras do grande vale do Zambeze chama-se “kupita kufa” ou seja, purificação de viúva, que consiste em ela manter uma relação sexual com um parente do marido, para que seja libertada.
De acordo com a crença local, caso o marido morra por qualquer que seja a enfermidade, mesmo sendo com pelo vírus que provoca o SIDA, se a viúva não for “purificada” por via sexual desprotegida corre o risco de sofrer de doenças, tais como a tuberculose, a loucura e poderá igualmente ser responsável pela morte de outros parentes e até vizinhos.
A purificação ou “kupita kufa”, designação do ritual em lingua sena, conforme reza o uso e costume local, é feita através da relação sexual com um familiar do marido ou um ‘purificador’ oficial escolhido na comunidade o qual executa a tarefa sob uma remuneração que pode ir até 800 mil meticais.
Chanazi Pedro Malani, da localidade de Murraça, distrito de Caia, foi “purificada” em Dezembro passado devido à morte do seu marido um mês antes. Com 43 anos de idade, Chanazi disse à nossa Reportagem que se submeteu a este ritual para se ‘libertar’ e salvar os seus filhos de doenças, tais como a tuberculose.
Reconheceu que a prática de "kupita kufa" é uma porta de entrada para a infecção e reinfecção do HIV mas afirmou que não podia recusar-se por se tratar de uma imposição costumeira: