Eduardo Cruz
FORMEDIA European Institute of Business and Management
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Nampula: os jovens que criam frangos
A primeira história passa-se em Nampula, em Fevereiro. Depois de reuniões com o Magnífico Reitor Jorge Ferrão, da nova Universidade Lúrio, e com a sua equipa dirigente, fui convidado para jantar em casa duma família muito interessante. Pai, mãe e três filhos menores receberam-me com muito carinho e despertaram a minha curiosidade.
Que se passa? O pai chamou um dia o filho mais velho e sugeriu-lhe que criasse pintos. Ao filho do meio ficou destinado dar comida aos pintos. A menina mais nova, ainda uma criança, observa e aprende. O pai fez um texto, com as regras de criação, alimentação e higiene, que passou ao filho mais velho, respondendo às dúvidas que surgem.
Ao fim de oito semanas, os pintos, magicamente transformados em frangos, são vendidos. Os resultados das vendas distribuem-se por três partes: uma parte para comprar novos pintos, outra para a comida e a última é depositada na conta bancária dos jovens. Quando estes forem para a universidade, aí estará o dinheiro para pagar propinas e livros.
Fiquei a pensar que este negócio, chamemos assim, pode facilmente ser transformado num pequeno “franchising” com um manual muito claro, e dar origem a dezenas de actividades em Moçambique. Cruza-se com a fome e a necessidade de comer, com o imenso desejo de estudar, com uma possibilidade de mostrar como o empreendedorismo, significando iniciativa e dedicação, persistência e realismo, não é uma actividade complicada, embora sim complexa, criativa e inovadora.
Este e outros modelos de “microfranchising “poderiam ser útil a muitas famílias moçambicanas, gerar riqueza e aumentar o poder de compra. Passar de 40 a 80, 120 meticais por dia, num primeiro momento, duplica ou triplica o rendimento, aumenta a auto-estima e abre caminhos esperançosos de futuro.
América, África, Europa, Ásia: escolas auto-sustentáveis
Vejo em África milhares de jovens a querer fazer ensino superior. Normalmente fazem-no às custas da família, ou já depois de estarem a trabalhar. Problemas que podem constituir outras tantas oportunidades para a criatividade e a inovação, terreno fértil do empreendedorismo.
Em Junho estive numa conferência em Washington onde debatemos o desenvolvimento através do ensino superior da gestão e do empreendedorismo.
Chamou-me a atenção o conceito de escola auto-sustentável. Suponham uma Escola integrada de Agronomia e Veterinária, incluindo Turismo e Comércio.
Alem de sólida teoria, os alunos podem aplicar os seus conhecimentos na agricultura e pecuária. Podem produzir bens que são vendidos no mercado. A venda pressupõe porventura canais de distribuição, negociações, lojas para gerir... Mas a escola, situada no campo, pode também ter turismo rural, outra forma de preparar bons profissionais e fazer receitas.
A escola auto-sustentável é isso: não exige que Estado, contribuintes, alunos e pais paguem o que não têm: pode gerar receitar para equilibrar as despesas e gerar um excedente, para reinvestir, Utopia? Nem por isso. Está feito. Acessível, até na Internet. Vejam exemplos em fundacionparaguaya.org.py e www.teachamantofish.org.uk
Possível fazer em Moçambique? Por que não? Ensino de qualidade e Empreendedorismo? Certamente do melhor.
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