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Por:João Luiz Mauad
Administrador e Consultor de Empresas.
Fonte/Publicado no www.ordemLivre.org.

Muitos esquerdistas, influenciados pela leitura marxista da economia, insistem que o capitalismo é concentrador e tende para o monopólio. Nada poderia ser mais equivocado. Monopólios e oligopólios só prosperam quando os governos interferem no livre jogo do mercado para, direta ou indiretamente, protegê-los da competição e da tão temida “destruição criadora”. Quando a concorrência é permitida e incentivada, o que se vê é uma “gangorra” alucinante, em que empresas nascem e morrem numa velocidade muitas vezes frenética.
Um dos motores do desenvolvimento econômico é o processo, apelidado pelo austro-húngaro Joseph Schumpeter, de "destruição criadora". Sua origem está no mecanismo virtuoso da concorrência e no espírito empreendedor, que induzem indivíduos e empresas a inovar, experimentar e criar. No interior desse processo, produtos obsoletos e métodos de produção ineficientes vão sendo constantemente substituídos por novos produtos, novas fontes de matérias primas e técnicas inovadoras.
Para Schumpeter, o principal combustível do progresso é o avanço tecnológico, do qual decorrem, de forma contínua, "novos bens de consumo, novos métodos de produção ou transporte, novos mercados e novas formas de organização industrial". Segundo o economista, a concorrência estimula a inovação, que, por sua vez, provoca a obsolescência de velhos conceitos e estruturas. É nesse ambiente, não raro bastante hostil, que precisam viver (e se adaptar) todas as empresas.
A história do século XX e o imenso desenvolvimento experimentado pelas economias ocidentais, contraposto à estagnação econômica dos países comunistas, mostrou que Schumpeter tinha razão. Entretanto, enquanto alguns compreendem os fantásticos benefícios derivados da "destruição criadora", muitos ainda teimam em rechaçá-la, especialmente aqueles que, influenciados pela retórica romântica e oportunista de alguns setores da esquerda, preservam a falsa ideia de que a função prioritária de uma empresa é gerar (ou manter) empregos.
Empresas existem com o objetivo de gerar lucro aos seus acionistas, o que só é possível através da inversão de poupança em investimento de risco e do atendimento eficiente das necessidades e desejos dos consumidores. A geração de empregos e o incremento dos salários são consequências virtuosas e desejáveis da busca pelo lucro e surgem somente em função da competitividade, das demandas do mercado e do incremento da produtividade. É um erro gravíssimo pensar em empregos como fins em si mesmos. Eles são meramente meios, fatores de produção como outros, sujeitos à inexorável lei da oferta e da demanda.
Numa economia de mercado, novas empresas nascem e prosperam muitas vezes conquistando espaços antes ocupados por seus competidores. Tentar proteger os mercados, as receitas, os empregos ou os lucros de empresas estabelecidas acaba por obstruir o processo natural rumo ao progresso. Compreender isso significa dar boas vindas tanto à criação de novas quanto à extinção de velhas empresas, pois só assim teremos certeza de que o mercado estará substituindo o que é obsoleto, ultrapassado, pelo que é superior.
Pode parecer cruel, especialmente para os que serão diretamente afetados pela eventual falência de uma empresa, mas para o bem da economia devemos repudiar com firmeza as tentativas políticas, jurídicas ou burocráticas de colocar dinheiro público para salvá-las, como fez o atual governo brasileiro recentemente na Aracruz e na Sadia, ou o governo americano na GM, Chrysler e outras, quando estas apresentaram problemas, em 2008.
Numa economia de mercado, a “morte” de uma empresa abre caminho para outras melhores que virão. Vejam, por exemplo, as impressionantes listas de companhias “defuntas”, nos ramos de aviação, fabricantes de veículos, lojas de departamento e de varejo, só nos Estados Unidos ― reparem que algumas delas já foram outrora consideradas gigantes oligopolistas, o que não evitou que sucumbissem frente a concorrência. É ou não é de cair o queixo, principalmente sabendo que aquele país continua sendo, até hoje, a maior e mais avançada economia do planeta?

Por isso, as empresas (sejam mercantis, industriais, financeiras ou de serviços) precisam estar constantemente inovando, revendo métodos de produção, reduzindo custos operacionais e oferecendo melhores produtos e preços, caso não queiram afundar no pantanoso gosto do consumidor. Para que se tenha uma ideia da “mobilidade empresarial" nas economias onde a competitividade é estimulada, o tempo médio de permanência de uma empresa na lista das 500 maiores norte americanas é, atualmente, de ínfimos 10 anos, conquanto já chegou a ser de 65, num passado não muito distante. A previsão é de que, em 2020, 75% da lista serão formados por companhias hoje completamente desconhecidas do grande público.