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Kátia Vanessa Omar Ibraimo
Aprsentadora de TV & Psicóloga Social e Organizacional


O Homem é um ser social, por isso, precisa do outro para viver em sociedade. Nenhum homem é uma ilha. Todo o ser humano tem necessidades e objectivos individuais e imediatistas, porém, muitos deles são comuns, e é neste raciocínio que começa o foco deste artigo, voltado para uma reflexão sobre a importância do associativismo para se alcançar alvos ou objectivos comuns. O associativismo consiste basicamente, na união de duas ou mais pessoas em prol das mesmas metas, de forma organizada. É o que acontece na nossa família, na escola, no grupo de amigos, etc.
O associativismo é uma escola de vida colectiva, de cooperação, de solidariedade, de generosidade, de independência de humanismo e cidadania. Concilia valor colectivo e individual. Pelo que, defender, reforçar, apoiar e promover o desenvolvimento do movimento associativo é defender e reforçar a democracia e a participação dos cidadãos na vida social.
As pessoas que se associam procuram, de forma económica desinteressada, alcançar um objectivo, com uma personalidade jurídica própria, conferida, no nosso caso, pela lei moçambicana.
Hoje em dia torna-se cada vez mais comum ouvir dizer que algumas associações são como que empresas, uma vez que a sua actividade exige uma gestão ao nível empresarial.
Esta é uma das grandes confusões de muitos associativistas, dirigentes ou não. Uma Associação sem fins lucrativos não é uma empresa, senão vejamos:
- Uma empresa tem por objectivo produzir e/ou vender um produto, fazer lucro e distribuí-lo; Uma associação tem como fim prestar um serviço, resolver problemas sociais, desenvolver potencialidades, valorizar os seus associados, reinvestir socialmente eventuais receitas e proveitos realizados em prol de todos os associados e da população;
- Para uma empresa o que conta, em termos de representatividade, é a força económica e o investimento do sócio; na associação cada associado tem um voto.
- Uma empresa é constituída e permanece enquanto desenvolve uma actividade economicamente rentável; uma associação é uma emanação da vontade popular que traz benefícios sociais aos seus associados, vive e renasce permanentemente pela vontade de sucessivas gerações de associados anónimos, cuja força motora é a resposta a problemas locais, à melhoria da qualidade de vida, a participação popular, o exercício profundo da democracia, etc. Podiam alinhar-se outros exemplos, mas o que interessa realçar é que pela sua natureza e fins, associações e empresas são entidades diferentes.
Enquanto forma privilegiada de intervenção da sociedade civil, o Associativismo, segundo o Guia para o Associativismo (2001:5), rege-se por três princípios:
“De Liberdade – A adesão a uma associação é livre, tal como é livre a saída do movimento associativo”.
“De Democracia – O funcionamento de uma associação baseia-se na equidade entre os seus membros, traduzida na expressão «um associado, um voto» ”.
“De Solidariedade – As associações resultam sempre de uma congregação de esforços, em primeiro lugar dos fundadores e depois de todos os associados.
Se por um lado a origem de uma associação acaba por ser comum a todas, ou seja, a congregação de esforços em torno de um interesse comum, por outro, o seu fim, o seu objectivo, já pode ser o mais diversificado, levando a que existam as mais variadas associações (Culturais, Recreativas, Desportivas, Defesa do Ambiente e Património, Desenvolvimento Local, Moradores, Estudantes, Pais, Profissionais...)
Em Moçambique temos vários exemplos de como o associativismo tem auxiliado no desenvolvimento da cidade e dos cidadãos. Não precisamos de ir longe, peguemos esta iniciativa da VJM, de produzir uma Revista, mais uma fonte onde as pessoas se informam e adquirem mais conhecimento, e de outras tantas iniciativas que esta associação tem tido (dou ênfase à grande contribuição que teve na realização do casamento dos 10 casais seropositivos, promovido pela Associação Hixikamwé, também com a ajuda de outras associações e entidades, que mereceram até homenagem); ora bem, isto mostra a força e a importância do associativismo. Para além de um grupo de pessoas se formarem para criarem uma associação, o associativismo ainda congrega várias associações que se juntam em prol de um objectivo comum, o que aconteceu com este gesto solidário de apoio ao casamento colectivo.
Para terminar, deixa-me congratular a todas as pessoas que têm a iniciativa de formar associações e dedicar muito do seu rico tempo, sem fins lucrativos, a um fim e bem comum, social, humanista e solidário. Àquelas pessoas que até tiram do seu bolso para dar aos que mais precisam, sem olhar para a consequência que isso pode acarretar. Às pessoas que, com mãos e coração grandes fazem muito para verem um sorriso florescer no rosto de uma criança ou um idoso carente.
Levando para o cunho pessoal, esta vai especialmente para a VJM e Associação Hixikamwé, pela homenagem honrosa que prestaram à minha pessoa.