A Justiça de Senegal condenou, nesta quarta-feira, sete professores de escolas islâmicas que obrigavam seus alunos e pedir esmolas.
A decisão é inédita no país, que aprovou em 2005 uma lei proibindo a prática.
Os professores foram condenados à penas de seis meses de prisão, a serem cumpridas em regime de liberdade condicional, e a pagar uma multa equivalente a R$ 330.
Eles só serão presos se voltarem a obrigar os jovens a pedir esmolas.
Denúncia
No mês passado, autoridades senegalesas começaram a aplicar a lei, após denúncias da ONG Humam Rights Watch.
Os activistas alertaram para o fato de que até 50 mil estudantes de escolas islâmicas estavam sendo obrigados a pedir dinheiro nas ruas. Para a ONG, os professores as exploram em nome da religião.
No relatório divulgado pela Human Rights Watch, a grande maioria dos estudantes tinha menos de 12 anos - alguns tinham 4 anos. Eles eram obrigados a pedir esmolas nas ruas das cidades senegalesas por várias horas, todos os dias da semana.
Alguns desses professores de escolas que ensinam o Alcorão eram extremamente violentos, chegando a acorrentar as crianças que tentavam fugir ou que não entregavam a quantia de dinheiro esperada por dia.
Em comunicado, a Human Rights Watch elogiou a condenação dos sete professores, mas disse ainda ser necessário um esforço contínuo para lidar com o problema.
"A prisão e a condenação desses homens é um passo correcto para pôr fim à exploração de crianças vulneráveis, sob a tutela de supostos educadores religiosos", disse Corinee Dufka, representante da ONG no oeste da África.
"O governo senegalês deve continuar a processar esses criminosos e, ao mesmo tempo, se certificar que os meninos retornem para suas famílias em segurança."
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