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A TIMBILA, obra-prima e património cultural da humanidade, está em risco de desaparecer porque o mwenje, árvore que fornece madeira para produzir a timbila, está em extinção. A situação é tal forma grave que nos arriscamos a dizer que nos próximos anos poderemos não ter mais os instrumentos porque a árvore que produz timbila está a desaparecer a um ritmo vertiginoso.
Se há cinco anos ainda era possível encontrar uma e outra árvore de mwenje no circuito entre Mavila e Quissico, hoje, em quase toda a extensão do distrito de Zavala não se encontra uma árvore sequer. Isso é preocupante!
Actualmente, esta árvore somente se encontra nas matas dos distritos de Massinga, Vilanculos e Morrumbene. Mas em quantidades extremamente reduzidas.
E agora, mais não falta aos marimbeiros senão chorar, pois não vislumbram soluções à sua altura. Ademais, muitos dos timbileiros não têm dinheiro que lhes permita viajarem para zonas distantes em busca desta madeira.
Se no passado podíamos somente nos preocuparmos em dar a conhecer aos moçambicanos e ao mundo, hoje isso não é suficiente. Já não basta nos vangloriarmos pelo facto de termos conseguido elevar a timbila à categoria de Património Cultural da Humanidade, e, por isso, descansarmos sob a batuta do m’saho. A protecção e preservação são importantes. Mas também falar de proteger a timbila passa necessariamente pela protecção do mwenje.
E uma das estratégias a adoptar seria, a nível da província de Inhambane e noutras partes do país, tornar as matas onde ocorre o mwenje reservas do Estado, e, portanto, zonas protegidas.
E na última edição do m’saho, que teve lugar de 27 a 29 do mês em curso, em Quissico, Zavala, esta questão voltou a dominar vários fóruns de conversa, com os timbileiros a questionarem-se sobre o futuro do mwenje.